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NEDS: Resenha Álbum “Alicerce do CAOS”



Fiquei super feliz quando recebi o convite pelo Fábio Macieira, guitarra e vocal da NEDS’ e de imediato me atraquei a ouvir o som da banda freneticamente, diariamente das cinco da manhã,até tarde da noite.


É talvez eu seja um pouco compulsivo, ou talvez comprometido para entregar algo verdadeiro né quem sabe? quem vai saber?


Conforme relatos que colhi pessoalmente este trabalho levou seis anos do início até a conclusão.


O Átila e o Macieira estiveram conosco, dos dias 13 até 16 de julho de 2018, quando estiveram na serra Gaúcha para tocar no Mix Tape Collectivo III.


Na noite do dia 20m fomos buscá- los diretamente no aeroporto claro com o apoio do Marciano Roque Bondan, Transportes, V.T.C Produções e ficaram hospedados na minha casa até dia 23, quando eu e o Gordo os levamos até a Rodoviária de Caxias do Sul foi uma experiência fantástica de troca de informações e aprendizado.


Reaprendi o sentido de “Download”. Mas essa história vou contar em outro texto.
A banda é de Fortaleza CE; O Fábio Macieira no vocal,   Átila (Attilozo) está no baixo desde começa da banda, Jander (batera) e Marcílio (guitarra). “depois que o batera antigo saiu fizemos o convite e os caras toparam na hora, Jander entrou primeiro e regravamos 90% das linhas de batera com ele, Marcilho entrou em janeiro de 2018”, nos diz Macieira.


Vamos a Ficha Técnica:
Todas faixas de bateria foram todas regravadas; O Álbum “Alicerce do Caos” foi todo gravado no estúdio Ruído 111, teve uma duração de 4 a 5 anos, e na reta final todas as linhas de bateria foram regravado novamente dando mais trabalho a obra prima do produtor Paulo Eduardo, exceto as música silêncio a dois, gravada com o antigo baterista Paulo Henrique(Paulin), foi lançado no dia 09 de julho de 2018 no estúdio esconderijo, sendo primeiramente o  liberado via Palco MP3 especialmente para o estado do Rio Grande do Sul, para outros estados, com 12 músicas e um densidade bom fluidas entre elas!




Artwork da Capa: “essa foto foi tirada por Isabelle Moraris @Isabellemoraris e Tatiane Amorim a modelo, Fabio Macieira fala sobre o trampo: “queríamos algo mais simples e chocante ao mesmo tempo, sem pudor, sem medo e tão real que os olhos se apaixonam à primeira vista, toda a beleza e sua suas fases, por isso o encarte tem duas cores justamente para representar o humor!”   e complementa “A arte foi escolhida por mim, e modelada pelo Attilizo, baixista, e produzido o fisicamente pela Proaudio”


A Capa é num papel couchê 140g 200g, com encarte super bem produzidos para acompanhar as letras e ficha técnica, por dentro da capa tem um vinco lindo, um corte em formato de onda que faz toda a diferença no design do invólucro que protege o CD.


Enquanto escrevo essa resenha me pego sem os CDs que ganhei então me obrigo a pedir ajuda para o Macieira me mandar o track list ou a contracapa qualquer coisa que me ajude ai ele me enviou essa foto a abaixo.




Agora vamos ao que realmente importa vamos esquartejar, esse CD e esmiuçar cada música que consta nele e entender o complexo ensejo cearense de se expressar!


Em  A Realeza  música de abertura do CD encontramos um peso inesperado para a música de abertura, que surpreende e empolga já nos primeiros riffs com uma distorção bem peculiar, e uma precisão de um coração batendo acelerado num pulso firme e contínuo, e quando abre a latinha para o macieira cantar é a peculiaridade é ainda maior a surpresa.


O Macieira diz que é drive eu chamo de screem então vai saber né? ouça você e tire suas próprias conclusões.


Do solo da guitarra, já parte para um groove onde o baixo a bateria seguram a base e a música tem um breve momento de calmaria, para logo em seguida retomar o ponto de partida do peso inicial.


E na letra existe algo de protesto e amor quando, nosso interlocutor diz: “Você tem medo, medo de mim” deixando a livre interpretação para quem acredita que a burguesia teme a nossa revolta.
Já em Estilo Suicida temos uma abertura inicial não menos pesada que a música anterior, porém com muito mais quebradas, onde mergulhamos num som com muito peso e distorção, também fica perceptível o uso do pedal duplo na abertura da música, as interferências planejadas e ruídos, também tem um efeito especial para quem ouve o  instrumental dessa música é profundo e extremamente original, principalmente na breve pausa em que se ouve o pedido “rezem por mim”


Na verdade NED’s tem aquilo que eu procuro em qualquer banda a originalidade a centelha única, um DNA sonoro impresso em suas músicas que as distingue, de qualquer outra banda ou projeto, personalidade, aquela sonoridade que se reconhece já nos primeiros acordes de suas composições, que fica fácil de identificar quem é que está tocando.


E agora sim vem a minha queridinha,  Infectados Pela Sujeira “Arranho os meus olhos, Arranho a minha pele e não dou a mínima, Fui infectado pela Sujeira”.


Com certeza essa é minha música preferida por ela ter uma levada completamente Hard-Core, e uma temática,  subliminar onde pesquei do Fábio que a sujeira que infecta aqui são as sujeiras do Sistema, onde há um grito de revolta, desespero e um  urro de dor.


Também foi a primeira música da banda que eu ouvi e vi  no youtube imagens performance da banda nos palcos de Fortaleza, juntamente com a reação da galera num mosh pit nervoso e um pogo muito perigoso.  


Assista e tire suas próprias conclusões se não confia na minha opinião:


Agora temos Perdendo Minha Alma, acho que aqui mostra uma claríssima influência do grunge na música dos rapazes pois a intro começa sem muita distorção e consigo sentir e identificar, quase que uma homenagem a música de Kurt Cobain, até mesmo na sequência sinto uma claríssima referência dos anos 90.  E uma bela composição de riffs entre as duas guitarras.
Outra boa surpresa que eu tive, junto com o privilégio de ver duas apresentações da banda, é que rola um dueto entre o Átila e o Macieira dividindo o vocal em algumas músicas que torna algo singelo e simbólico. Um belíssimo dueto diga-se de passagem.


É assim que Destrói, ela pode até enganar na abertura você pensa que vai ouvir um grunge clássico mas ela atropelou com um hard core emagador que foi um punkada, na minha orelha e ocupou a posição de favorita, já nos primeiros acordes.


E o refrão pega “Fique longe de mim”. E a música trata de um tema interessante afastar as pessoas para não sofrer rejeição entendo bem sobre isso! “


Não me Ame, Não me ame!!, Me odeie!”


Então Fique longe de mim! Que é assim que Destrói, com uma pitada de grunge e outra pitada de hard core misture tudo e pronto está feito uma sonoridade singular uma mistura geniosa e simbiótica!


Guarde suas crenças, por que  tudo que você conhece vai cair por terra com essa música e mais uma vez o destaque vai para o baixo que trabalha como se estivesse flutuando sobre a música e também sobre os outros instrumentos, ele fica em destaque e marcando a música o tempo inteiro é um groove de peso, o que mantém um tenso equilíbrio sonoro entre todos elementos envolvidos neste elaborado sonoro sem igual.


Em Inflama, temos um momento mais calmaria, não menos denso, onde o baixo e bateria tem um breve diálogo mais intenso na introdução utilizando as guitarras como pano de fundo para essa conversa.


Quando o vocal do Macieira entra podemos entender toda a dor e aquele sentimento de perda, aquele sentimento de derrota. No decorrer da sonata as guitarras passam a deixar simplesmente de ser pano de fundo para ter um destaque, onde fica claro aquela sensação de quem foi desprezado  e se sente desprezível e a música assume uma terceira roupagem onde a guitarra e o baixo conversam, passando para uma quarta cena onde também muda a sonoridade e finaliza a música! Uma sonata de 3 atos.


Não, não sou um pessoa volátil. Tá bom talvez eu seja. Mas contraditória? Será que sou? talvez seja mas outra música preferida é  Afogue-me, por que não posso ter várias músicas preferidas num mesmo álbum? é errado?


Enfim a próxima música causou uma confusão na hora do refrão meu amigo Gordo vocalista da Exclusão Social, achou que os guris misturavam inglês com português.


Mas aqui novamente sou obrigado a destacar o brilhantismo do baixo na intro e mantendo a linha constante da base o tempo todo durante a execução da música, inse.


E apesar de causar alguma confusão em relação ao idioma (sotaque), o refrão é muito marcante.


Com Anjos Caídos  fiquei muito impressionado com a performance ao vivo. Aqui na versão de Estúdio o destaque fica com a bateria que chega ser tribal em alguns momentos, mas o baixo não fica por menos e a guitarra solo, também tem seu devido destaque nessa música,
que tem um início suave, mas numa nuance, num piscar de olhos ela ganha um peso e uma distorção, e na mesma nuance volta retornando para a leveza, fazendo assim um jogo, como uma luta, tentando se equilibrar entre a suavidade e a distorção, um duelo entre o bem eo mal.


Acho que isso tem tudo haver com a temática, o conceito da música,  se foi intencional ou não; Não sei mas ela tem essas questões de mal, luz e escuridão implícita. Pois como diria o Fabio “Todos sabem sobre o que se trata essa Música”  será que sabem mesmo?


Um dia desses me conta com maiores detalhes Macieira que aí desenvolvemos um texto sobre esse tema.


Pronto chegamos na música L.S.D e aí está a o brilhantismo da guitarra num galope frenético (cavalgando) lado a lado da bateria, com um riff agudo e pesado, que é complementado e desta vez o baixo é o coadjuvante e a guitarra se sobressai lindamente, durante todo o percurso percorrido pela música, a bateria também mantém o pulso firme, quando entra a voz solicitando “sufoque - me”, Questionando o que é “belo o que é justo”.


Tem umas quebradas e umas pausas do meio para o final em que o instrumental se mantém longamente para uns pode ser tempo de mais, mas eu não acho.


Acho que é um momento lindo em que a toda banda mostra sua genialidade, restando uma monstruosa desconstrução sonora no final deste ato, e finalizando com um efeito similar de uma sirene acredito que seja reproduzido por uma das guitarras.


Detalhe aparentemente essa música se trata sobr sonhos alucinógenos alcançados por benflogin e alguma bebida alcoólica assim reza a lenda contada pelo Macieira.


Em Sonho de Vidro temos uma introdução limpa e suave, uma melodia de canção ninar um dueto limpo e lindo entre a guitarra e o vocal, com uma temática delicada “Você contempla o meu suicídio e não implora o meu perdão eu vivo e morro todos os dias, venha para o meu leito superficial….”.


Essa música me atinge em cheio pois o ponto alto aqui é a poesia lírica,da letra me fazendo voltar exatamente naquele ponto da minha existência onde, já me senti derrotado e desprezado e não minto pra vocês meus amigos; Aqui nesta introdução eu sinto as lágrimas brotaram em meus olhos, se não acreditem ouçam! Mas ouçam com atenção, não do sentido auditivo e sim do sentido de sentir, de captar a emoção que essa música transmite.


Essa música faz me lembrar todos os fundos de poços que já tive, porém no segundo Ato, ela revigora, cresce, distorce, como se fosse impulsionada pela raiva, fio condutor da salvação de quem foi desprezado ou se sentiu assim em algum dia da da sua vida ou vários dias, tirando forças de algum lugar jamais imaginado ou alcançado.


“Viverei em sonhos, morrerei em seu colo, me enterrarei em seu medos por que sou uma dádiva que ninguém pode sentir” .


Essa música é mais marcante e mais profunda do álbum espero que você sobreviva, a essa audição pois ela é como olhar pra dentro de si, ver as cicatrizes internas, e lembrar o quanto já nos machucamos ou nos sentimos machucados por alguém em que nos sentimos apaixonados e não somos retribuídos.  


“A beleza é relativa está nos olhos de quem vê”.


Silêncio a Dois, fecha a obra sem me deixar muitas opções  do que se possa ser dito. Pois é mantida a excelência sonora que foi demonstrada da  primeira faixa e percorreu todas as músicas no decorrer de todo o álbum.


O flerte entre a suavidade e o peso, a dor do mundo o desespero, as letras introspectivas e auto biográficas, a identificação é imediata não tem como ser de outro jeito.


O sentimento de superação da própria dor; Então me despeço e lhes digo não morram sem essa experiência meus amigos é uma das melhores que já experimentei lúcido.


Até o final dessa resenha assim estava o ranking de audições no palco M3:


Track List
1-A Realeza
2-Estilo Suicida
3-Infectados Pela Sujeira
4-Perdendo Minha Alma
5-É assim que Destrói
6-Guarde suas crenças
7-Inflama
8-Afogue-me
9-Anjos Caidos
10-L.S.D
11-Sonho de Vidro
12-Silêncio a Dois


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Contato Redação: subdiscos@gmail.com
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