- Como é conduzir uma carreira solo atualmente no país? O mercado atual está favorável para a sonoridade do seu projeto?
Conduzir uma carreira solo já é desafiador pelo fato de realizar sozinho ações e investimentos que normalmente são diluídos entre os membros de uma banda típica, embora torne muito prático lidar com decisões. O mercado criativo no Brasil tem suas particularidades e é norteado, em certa proporção, por um senso que concorre com a pluralidade artística, e isso coloca alguns gêneros, como o heavy metal, à margem da fomentação, dificultando a formação de público e manutenção de novas bandas. Dito isso, é preciso entender também que há um nicho potente de apreciadores de metal, que lota estádios para assistir shows e festivais internacionais, mas esse potencial econômico não se reflete proporcionalmente na adesão aos artistas nacionais, seja por qual for o motivo. Nesse escopo, o meu projeto tem algumas vantagens, pois o trabalho instrumental autoral tem diferentes formas de fomentação, as apresentações podem ocorrer em variadas estruturas, o público é precisamente segmentado e não há uma grande saturação de artistas trabalhando dessa forma.
- O seu som de é de difícil identificação. Como você se enxerga na cena: Qual termo seria menos limitante pra classificar o estilo de vocês?
Concordo. É difícil rotular porque as músicas não foram criadas para um rótulo específico. O disco registra a expressão de um guitarrista em suas influências naquele recorte do tempo. A pré-produção levou um ano e meio e, conforme as composições se seguiam, as músicas foram se distanciando umas das outras, porque as minhas ideias e inspirações foram se modificando, de modo que quis expressar novas texturas, com novos elementos. Por isso músicas como Scorpio Kai e Mirror Of Mine são completamente distintas de Deathstalker ou E@rth-2. O Thiago Bianchi (produtor) foi fundamental pra esse processo de diversificação, com seus feedbacks. Eu rotularia o Reasons For My Vengeance como um álbum de metal instrumental, pois há músicas que puxam um pouco mais para thrash, outras para power, outras para prog, mas existe um fio condutor que conecta todas, que é o meu jeito de tocar, onde é possível reconhecer uma personalidade e uma assinatura sonora.
- “Reasons For My Vengeance” é um álbum magnífico, mas demorei pra entender ele. Os fãs têm falado algo similar para você neste sentido?
Algumas pessoas, especialmente músicos, me retornaram que precisaram de algumas audições para perceber alguns elementos presentes em camadas mais sutis, mas que, ao mesmo tempo, o álbum oferece uma audição fluida, que não cansa os ouvidos, mas cada ouvinte tem seu tempo de digestão do som.
- “E@rth-2” é maravilhosa, e pra mim um dos destaques no material. Qual sua real intenção com ela? Qual sua mensagem?
Obrigado! É sobre um tema que comecei a imaginar em 2013: o futuro paradigma dos territórios da civilização humana, frente à exploração espacial em paralelo com o avanço tecnológico e a imersão no território virtual. Quais seriam os dilemas e condições para a colonização e terrificação de outros corpos celestes? A vida transitada para simulação em um ambiente virtual será possível e viável algum dia? Quanto do Black Mirror ainda é teoria? Em 2013 tudo isso parecia um romance de ficção científica, hoje já vemos grandes organizações se mobilizando nessa direção. Curioso que ao nomear a música, fiz uma busca por correspondência na internet e encontrei um jogo com uma simulação em 3D do nosso planeta, onde é possível comprar imóveis com dinheiro real.
- Algumas passagens de Progressivo me chamaram a atenção. Você pesquisou sobre este nicho, para inserir no material?
Essas passagens podem ser resultado das influências de bandas como Angra, Symphony-X e Dream Theater, que ouço com frequência. Apareceram naturalmente
- “Reasons For My Vengeance” saiu tem pouco tempo, então como vem sendo a aceitação dele na imprensa e junto ao público?
O saldo tem sido bastante positivo. Até o momento, não houve críticas negativas. O disco tem sido apontado como bastante equilibrado, coeso, com boas composições e bom desenvolvimento técnico. Para mim tem sido bastante motivador receber elogios de músicos de bandas como Angra, Ready To Be Hated, Soul Spell, Tropa de Shock, Madgator e tantas outras tão importantes para o nosso cenário.
- “Rising Empire” e “Luna de Sangre” são outros dois destaques no material, mas imagino que não seja senso comum dentro da sua fan base como um todo. Quais canções o público tem abraçado mais?
Essa é uma questão curiosa, pois as predileções do público têm variado bastante. Embora a E@rth-2 e a Rising Empire sejam as mais frequentes nos apontamentos, a única que ainda não figurou como favorita é a End Of An Age. Isso sinaliza pra mim que as músicas, embora variadas, apresentam um nível equilibrado de composição, arranjo e produção.
- Como se deu o processo de composição e produção deste álbum?
Foi um processo longo, iniciado em 2021. A composição e arranjo das músicas levaram um ano e meio. Quando cada música chegava em uma versão suficientemente madura, enviava a demo para o Thiago Bianchi (produtor), que fazia suas ponderações, então essas músicas eram alteradas, caso necessário. Um único recall do Thiago era suficiente para chegarmos na versão final. Em seguida, aguardei agenda do Marcell Cardoso e do Raphael Dafras para gravação das bateria e baixos, respectivamente, no Estúdio Fusão VM&T. Após esse processo, comecei a trabalhar na pós-produção junto ao Thiago, começando pelo reamp das guitarras que gravei no meu home estúdio, seguido da mixagem e masterização. Em seguida, a gravadora MS Metal Records e eu iniciamos o processo de fabricação e distribuição do disco, além da campanha de lançamento.
- Uma turnê está nos planos para 2025? Esperamos imensamente que sim…
Provavelmente sim. Era prevista uma excursão pela Europa, junto ao Paul Di'Anno, entre novembro e dezembro de 2024, fazendo uma participação com a Noturnall, mas esses planos foram interrompidos pela partida do saudoso ex-vocalista do Iron Maiden. No momento, estou planejando um circuito de pocket shows em formato mais intimista para escolas de música e estudando editais de fomentação cultural para uma circulação mais ampla, nos formatos solo e banda. Também espero poder excursionar de forma mais ampla no segundo semestre do ano.
- Algo ficou a ser dito? Obrigado pelo tempo ao Sub Discos Blog…
Gostaria de agradecer ao Sub Discos Blog e seus leitores pelo espaço e interesse no meu trabalho musical. Convido todos a acompanharem minhas novidades pelo Instagram (@rickbarrosofficial) e a ouvirem minhas músicas em todas as plataformas de streaming. Não vejo a hora de nos encontrarmos nos shows! Juntos, somos mais fortes!
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