- O que significa o nome DICENTRA para vocês? O mercado atual está favorável para a sonoridade da banda?
“Dicentra” é parte do nome científico de uma flor rara conhecida como Coração Sangrento. Por este motivo o título do nosso primeiro álbum de 2023 é “Bloody Heart”. Em relação ao mercado, acho que, atualmente, não está muito favorável. Estamos vivenciando o surgimento de uma enxurrada de bandas de Black Metal no Underground. Isso não é ruim mas, a quantidade de eventos elaborados apenas para esse estilo é massacrante e acaba excluindo um pouco as bandas que optaram pelo Heavy Tradicional Oitentista que é o caso do Dicentra. Nada que não estivesse planejado desde o início, portanto, não nos intimida e continuamos trabalhando.
- O seu som de é de difícil identificação. Como você se enxerga na cena: Qual termo seria menos limitante pra classificar o estilo de vocês?
Isso é bem curioso mesmo (kkkkk). Não acho que o Dicentra possa ser rotulado mas, gosto de pensar que nós somos uma banda de Heavy Metal que possui influências que se diferem bastante de um integrante para o outro. Talvez, uma banda de Heavy com passagens pelo Hard Rock e Blues.
- “Crossing” é um álbum magnífico, mas demorei pra entender ele. Os fãs têm falado algo similar para você neste sentido?
Sim. Algumas pessoas já nos questionaram a esse respeito e, simplesmente respondemos “Esse é o Dicentra. Nosso estilo é Dicentra”. No último ensaio estávamos tocando o “set list” do próximo show, repassando músicas do “Bloody Heart” e do “Crossing” e, de repente o Luís e o Ruy começaram a puxar uns acordes completamente novos. Então o Doug começou a desenhar a linha de baixo e disse que no passado havia escrito uma letra com o título “Noite Silenciosa” mas que havia perdido. Ali mesmo, sentado na batera, comecei a escrever uma poesia depressiva com base no título, enquanto eles trabalhavam a melodia. Fui incluindo as linhas de batera e, depois de algum tempo já tínhamos criado a estrutura da música “Silent Night” que é totalmente diferente de tudo que compusemos até agora.. Começamos a ensaiá-la e no final da tarde já tocávamos a canção inteira. Então, assim surgem a maioria das composições do Dicentra. Não é algo para se preocupar muito em entender e sim, quando se escuta nosso som, deve-se sentir cada música sabendo que será surpreendido na próxima faixa, com certeza.
- “Prision” é maravilhosa, e pra mim um dos destaques no material. Qual sua real intenção com ela? Qual sua mensagem?
A “Prison” foi a primeira canção que compusemos com a nova formação. A letra dela fala de um sujeito que conheceu a redenção no momento em que foi detido pela justiça. Ele conta que, na prisão é considerado, todos o escutam e respeitam. Fala também que um porco de toga lhe proporcionou isso. Ironicamente, um juiz lhe proporcionou a liberdade, no momento em que lhe condenou ao cárcere. A mensagem é que, em muitos casos, as pessoas, mesmo estando livres, caminham aprisionadas por seus governos tiranos.
- Algumas passagens de Hard/Classic Rock me chamaram a atenção. Você pesquisou sobre este nicho, para inserir no material?
Se escutar diariamente bandas de Hard/Classic/Heavy Metal Oitentista é pesquisar, digo que sim kkkkkk. Todos nós do Dicentra respiramos Metal Oitentista e, é por isso que nossas músicas soam como se as pessoas já as conhecessem. Portanto, a inserção de nuances desses estilos é natural e inevitável. Isso enriquece as composições e pode despertar curiosidade sobre a banda, o que é um aspecto demasiadamente positivo.
- “Crossing” saiu tem algum tempo, então como vem sendo a aceitação dele na imprensa e junto ao público?
Sensacional. Estamos respondendo várias entrevistas como essa e temos algumas participações agendadas em “podcasts” e programas de rádio, além de algumas datas marcadas para shows. Em relação ao público, estamos recebendo uma acolhida muito grande, inclusive do público mais jovem que, desde o primeiro momento em que escutam a banda, já começam a curtir. Muitas pessoas também cantam nossas canções junto com a gente nas apresentações. Isso é o maior valor que podemos receber pelo nosso trabalho. Não tem preço a sensação de ver as pessoas cantando ou, pelo menos, tentando cantar seu próprio som. Realmente, maravilhoso!
- “Shout for Your Glory” e “Sweet Look” são outros dois destaques na discografia da banda, mas imagino que não seja senso comum dentro da sua fan base como um todo. Quais canções o público tem abraçado mais?
Cara. A “Shout For Your Glory” foi feita pra ser escutada com atenção. Ela conta a história de Guilherme Tell que libertou a Suíça de um tirano governador austríaco que o obrigou a acertar flecha em uma maçã colocada na cabeça de seu filho. Confesso que essa canção esta em segundo plano quando elaboramos um “set” de show, mas já tocamos ela e foi bem recebida. Já a “Sweet Look” que conta a história de um caçador que se dá muito mal ao tentar matar um cervo, é peça chave em qualquer de nossas apresentações. O público que nos segue, pede por ela. Então, assim como outras, ela é indispensável. Além da “Sweet Look” outras canções são já muito queridas pelo público em geral como, “Prison”, “Woman In Rock”, “Island Buffaloes”, “The Eyes Of The Sad Eagle”, a balada “Still Mountains And Volcanoes” e o ponto alto do show que é a própria “Crossing”.
- Como se deu o processo de composição e produção deste álbum?
As composições iniciaram na mesma época da entrada do guitarrista Edson Ruy em novembro de 2023. Fizemos um show em Guarulhos em janeiro de 2024 onde tocamos a música “Prison” que foi a primeira composição do disco “Crossing”. Então, decidimos nos concentrar em compor o álbum novo e suspendemos as apresentações ao vivo. Em julho de 2024 entramos em estúdio já com as doze canções prontas. O processo de composição do “Crossing” foi bem diferente do primeiro álbum para o qual, o antigo guitarrista havia trazido praticamente todos os sons prontos na guitarra. No “Crossing”, todos nós participamos com nossas ideias e influências. Foi nesse momento que o Dicentra foi moldado. A partir desse momento, traçamos nosso objetivo e concretizamos nossa forma de trabalho. Por isso, o “Crossing” sempre será um marco para o Dicentra. A produção ficou por conta do Fábio Ferreira (Sangrena) no estúdio MixMusic na cidade de Amparo-SP. Já havíamos trabalhado com ele no “Bloody Heart” e continuamos pois, ele é um profissional que preza pela excelência em seus trabalhos como produtor.
- Um novo álbum já está nos planos? Esperamos imensamente que sim…
Com certeza. Já temos 6 canções para o álbum novo, praticamente prontas. Tentaremos mantê-las em segredo, mas somos péssimos nesse sentido kkkkk. No último show em Paulínia, não nos seguramos e acabamos tocando a música chamada “I Don’t Live In This World”. Devemos entra novamente em estúdio no início de 2026.
- Algo ficou a ser dito? Obrigado pelo tempo ao Sub Discos Blog...
Apenas que, em meio a toda a luta que é se manter no Underground Nacional, sempre estaremos compondo e lançando nossos álbuns. Esse é o nosso legado e vamos deixá-lo com honestidade e respeito ao público. Lembrem-se sempre de uma coisa: “O Dicentra é Grande” e esperem nosso crescimento exponencial. Nós que agradecemos imensamente o interesse do Blog Sub Discos em nossa banda. Valeu!
Comentários
Postar um comentário