"Está à altura dos nossos melhores discos", diz o cantor Nasi, sobre o mais recente trabalho de inéditas
Depois de 13 anos, a banda Ira! lança o álbum quase homônimo - se não fosse pela exclamação que traz no nome da banda - com 10 faixas inéditas, que falam das contradições do amor, feminismo e política.
O vocalista Nasi explica que as canções surgiram de maneira bastante tímida e o lançamento desse trabalho inicialmente seria no formato em vinil, com um conceito, como a banda gosta de fazer música. Algumas canções, no entanto, já vinham prontas e outras surgiam espontâneamente durante as passagens de som. Com a firmeza de que essas eram as canções, fazer o álbum aconteceu de maneira confortável.
"São músicos são muito experientes e também bastante humildes. Então, tudo foi muito rápido e prático". A boa relação dos remanescentes Nasi (voz) e Edgard Scandurra (guitarra) com Johnny Boy (baixo) e Evaristo Pádua (bateria) se repetiu com Apollo 9, que assina a produção do álbum e trabalhou com Nasi nos trabalhos solos e em "Ira! Folk".
O bom entrosamento é bastante visível ao ouvir o disco. Nasi chega com a voz no tom que alcança e a potente guitarra de Scandurra reforça as características do Ira! de quase quatro décadas.
"Essa formação rítmica do Ira! é muito explosiva. Sem tirar o mérito das formações anteriores, que também foram importantes, pra mim, é a melhor 'cozinha' (termo usado para se referir ao conjunto formado por bateria e baixo que formam a base das músicas) da história da banda. As músicas foram compostas num tom muito bom pra mim", explica.
O álbum chega com videoclipes de dois singles. O primeiro "Mulheres À Frente da Tropa", música composta e interpretada pelo guitarrista Edgard Scandurra, foi inspirado em manifestações lideradas por mulheres e exalta a força e o protagonismo feminino nas questões políticas e sociais.
A outra música é a balada "Efeito Dominó", o dueto de Nasi com Virginie, da banda Metrô, que entoa lindamente versos em francês. O clipe, feito durante a quarentena, é assinado pelo artista visual Gustavo von Ha.
"A Virginie nos indicou o Gustavo, que dirigiu a gente pelo celular. O resultado foi um clipe da quarentena".
O sucessor de Invisível DJ (2007) ainda não tem data de lançamento nos palcos, mas Nasi se diz empolgado para o retorno e aposta no projeto para dar um novo ar para a banda ao vivo. "A turnê desse disco vai dar uma cara nova pro nossos shows", acredita.
A última apresentação do Ira! foi em 14 de março e os shows que estavam marcados foram cancelados com a chegada da pandemia.
Quarentena de Nasi
Enquanto não é liberado para os shows, Nasi se mantém isolado levando o "dia da marmota", pero no mucho.
"Acordo cedo, faço meu café da manhã, vou ver a GloboNews. Tento fazer algumas coisas, vejo uns programas de futebol, fico mexendo nos meus discos. Adiei mexer na minha biblioteca, mas quero fazer isso. Meus dias tem sido muito iguais", diz o vocalista.
Nasi também faz lives com discotecagem. Costuma mostrar fazer um som com seus discos e trocando ideia com os fãs.
"Sempre fui avesso a rede social. Tinha uma administradora para minhas redes sociais. Quando começou a quarentena vi que era um caminho para uma atividade intelectual, saber como eles [fãs] estão recebendo meu trabalho. E estou curtindo", diz o cantor, que já se preparava para mais duas lives.
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