A gravadora independente Som de Peso lançou a Coletânea Antivirótica nas prateleiras físicas e plataformas virtuais, reunindo 18 grandes bandas gaúchas. O objetivo do trabalho foi fazer uma produção solidária e coletiva com a participação exclusiva de bandas do RS para manter atividades na cena local, visto que a pandemia impede os encontros e eventos, ao mesmo tempo em que se busca apresentar novidades e lançamentos das bandas.
A Aborto Podre é uma banda de punk/hardcore/crossover
da cidade de Pelotas/RS, formada ao final dos anos 90, tendo influência do punk
rock, hardcore e metal Old School, tem objetivo de mostrar sua atitude contra o
sistema caótico e sem perspectivas. Identificam na música uma importante
ferramenta de comunicação de ideias e reflexões acerca da dimensão social,
sendo assim de grande importância também na luta antirracista e antifascista,
contra todas as formas de preconceitos e opressões derivadas desse sistema.
Tempo Sinistro é oficialmente o trabalho de estreia da
Aborto Podre nas plataformas digitais, e chega sentando os dois pés nos ouvidos
da galera. O Single foi gravado: no Estúdio Bokada - Pelotas/RS no (primeiro semestre de 2019) a Produção,
mixagem e masterização ficou ao encargo de Esmute Rodrigo Farias e está sendo
lançado e distribuído pelo Selo Sub_Discos Label & Distro.
Aproveite para colocar Tempo Sinistro
no modo Repeat no Spotfy e conheça mais sobre a banda Aborto Podre acho que
quem ouvir também vai gostar e se identificar ouça agora no Spotfy:
https://open.spotify.com/album/41Dx20CRLsvqpKGeXsJbGH
- Fale sobre a história
da banda, quem a fundou?
Caveira: Bem, tudo começou quando conheci o Lagarto tóxico, um
maluco curtidor do punk e outras podreiras e em um dos nossos rolės ele veio
com a idéia e um convite para montar uma banda, topei no ato. Ele já tinha umas
letras então convidamos o Marcelo Rubira para tocar bateria, já que além de
metal maníaco, também curtia hardcore e suas vertentes e sendo assim surgiu a
banda com essa formação, sem um nome definido ainda. Lagarto: Guitarra,
Caveira: Vocal, Rubira: bateria, Andrinho: Baixo.
- Como foi o processo de
escolha do nome da banda?
Caveira: Foi inspirado em uma música (aborto podre) de uma
antiga banda daqui de Pelotas, a Dissector, pioneira do Underground local nos
anos 80 e referência em som extremo no Brasil. Eu e Rubira na época publicamos
um zine com esse mesmo nome também.
- A banda esteve um tempo
parada, está retornando, como foi isso?
Caveira: Sim, estivemos um tempo parados e um dos motivos foi
pelo fato de eu ter me mudado do RS (2007), mas em um dos meus retornos a
cidade para visitar a família e rever amigos (as) resolvemos voltar à ativa,
isso em 2016 creio eu. Na verdade nunca decretamos o fim da podreira e sempre
estivemos em contato apesar da distância.
- Planos para o futuro?
Caveira: Enquanto banda, continuar a se reunir sempre que possível para fazer um som, conhecer gente e ideias novas e resistir dentro do underground, além de produzir novos sons em breve.
- Como vocês enxergam a
cena underground hoje em dia? O que fazer para unir mais a cena?
Caveira: Hoje em dia é bem diferente de anos ou décadas atrás,
óbvio, digo isso sobre a questão dos recursos para a sobrevivência do mesmo. E
quanto a unir mais a cena creio que respeito às diferenças já seria um bom caminho/começo.
Vamps: Atualmente, há uma situação
bem conturbada na cena em geral, e fingir que não acontece não resolve o
problema. Se fazem cada vez mais presentes discursos de ódio, machismo,
conservadorismo, entre outros tantos fatores que, em tese, não se associariam à
essência do rock e do cenário underground. Isso tem dificultado algumas ações
visto que não corresponde com as ideias que defendemos e apoiamos, resultando
em conflitos e perturbações. Por outro lado, o Brasil tem mostrado para o mundo
uma cena forte e resistente, com grande competência musical e criativa por
parte das bandas, além de um público fiel e produtoras/selos que sempre tão ai
apoiando de alguma forma quem tá nesse corre. Acho que o Caveira já deu a letra
sobre um bom começo para unir mais a cena...
- Qual são as influências
da banda?
Caveira: No que diz respeito ao som, a influência é a mesma do
seu início ou seja punk tosqueira hehe. É claro que com o tempo e entrada de
novos elementos para tocar, cada um acrescenta e influencia o som a sua
maneira, mas a idéia básica permanece.
- Qual a sua visão das
gravadoras e produtoras aqui no sul? Tem contatos com algumas específica, ou
preferem trabalhar independente?
Caveira: Sim. Temos contatos com alguns selos e distros que apoiam e dão um suporte. Mas essa é a ideia, nos manter independentes pois nos permite fazer a coisa do nosso jeito. Creio que é isso ae.
- Sobre o que retratam
suas letras e quem as compõe?
Caveira: As letras retratam o que vivenciamos e sentimos,
nossa visão da realidade. Os sentimentos e angústias que afligem o ser humano
diante de um mundo cada vez mais caótico e, em meio a tudo isso procurar sempre
vislumbrar uma alternativa para sobreviver dentro desse cenário.
Quanto as letras algumas são de autoria de
ex-integrantes e outras feitas por mim. Sendo que ainda tem letras e músicas da
fase mais antiga da banda de autoria do brother Lagarto, mas que ainda não
chegamos a tocar desde o nosso retorno.
- Qual a relação de
vocês com as outras bandas locais ou da região? Rola uma parceria?
Caveira: Sim, rola uma boa parceria com as bandas locais e da
região! Como com o pessoal da banda Escöria de Rio Grande, que agitam o Matiné
Anti System, onde já tocamos algumas vezes, entre muitos outros parceiros.
- Como a cena é
movimentada? Rola algum apoio incentivo externo ou é na base da
independência ou morte (organizados pelas bandas)?
Caveira: Então, se movimenta daquele velho jeito, ou seja,
metendo a cara mesmo. Nem sempre róla apoio externo mas vai indo e fazendo
porque se gosta, mesmo que às vezes se tome prejuízo. Mas estamos resistindo
ae.
- Onde são realizados os
ensaios da banda?
Vamps: No Estúdio Bokada,
do Rubira Gordão.
- Como está a atual
formação?
Vamps: JC Caveira (vocal),
Rubira Gordão (guitarra), Rafinha (bateria), Carnicero e Vamps (contrabaixos).
- Tempo Sinistro é o seu trabalho lançando
mais recentemente, certo? Está disponível em algum formato, físico/digital?
Onde as pessoas podem ouvir?
Vamps: Certíssimo. Tempo
Sinistro está disponível somente no formato digital, por enquanto, podendo ser
acessada nas principais plataformas de streaming (Spotify, Deezer, iTunes,
etc).
- Vocês já estão cotados
para participar em coletâneas? Quais são? Vamps: Sim. Estamos participando da coletânea Antivirótica
que é organizado pelo pessoal do Som de Peso, um projeto massa que conta com 18
bandas do RS buscando incentivar e movimentar a cena do estado nesse período de
isolamento social, com lançamento no dia 31 de agosto nas plataformas digitais
e também no formato físico. A coletânea pode ser conferida no smartlink https://li.sten.to/antivirotica e pode ser adquirido
no link https://somdepeso.minestore.com.br/produtos/coletanea-antivirotica
ao preço de R$ 25, já com frete incluso para todo o Brasil.
Também vamos participar de outra coletânea que será
lançada possivelmente em outubro deste ano, onde haverá três faixas da Aborto
Podre (Brasil), somado aos trabalhos da Escöria (Brasil), Buköwski (Argentina)
e Kamuflase (Indonésia). É uma coletânea independente, lançada pelas próprias
bandas, contando com o apoio de cinco selos: Tufo Produtora, Subdiscos Label
& Distro, Som de Peso, Los Pájaros e Sound of Chaos Records. Em breve
estaremos divulgamos mais informações!
- Têm previsão do próximo trampo? É outro
single, álbum ou um clipe?
Vamps: A ideia agora é finalizar (mix e master) o trampo deixado pelo nosso amigo Fronha (que foi batera da banda, até seu falecimento), gravado ao vivo em estúdio, no ano de 2015. Se tudo der certo, até o final do ano o material já está encaminhado, e possivelmente no início de 2021 estaremos lançando isso nas plataformas. Também pode ser antes ahaha tudo depende…. Não ficamos muito presos a cronogramas (por vários fatores, principalmente dinheiros), mas a ideia é essa!
- Qual a mensagem que
querem levar ao público em suas músicas?
Vamps: Desprezo pelo sistema capitalista e tudo que isso
implica nas diferentes camadas sociais...
MENSAGEM
FINAL
SD- Para fecharmos, não quero tomar muito
o tempo de vocês, desde já agradeço a disponibilidade e atenção. Qual é a
mensagem final para o público do sul e do mundo?
Caveira: Para todos que
sempre estiveram e estão presentes junto a nós, seja nos ensaios, nos rolês,
shows ou nos rangos (no Bokada), e aos que além de curtir o som, que de uma
forma ou de outra se recusam a serem simples marionetes nesse circo onde os
poderosos criam seus espetáculos macabros, deixamos um grande salve e esperamos
em breve estarmos juntos pelos palcos derrubando fronteiras. No mais é
isso ae e valeu pelo espaço. Saúde e anarquia!!
Sobre Coletânea:
O CD abre com
Punkzilla fazendo uma versão especial de uma de suas canções com letra focada
no clima pandêmico - e assim "Vacilão" virou "Vacilona
Virus". Escöria e Aborto Podre, bandas de Rio Grande e Pelotas
respectivamente, aproveitaram a Antivirótica para incluírem seus novos singles.
Também estão presentes I.C.H, Matéria Plástica, Motriz, Nenê Coisa de Louco,
OpusDramma, Discrença, Pupilas Dilatadas, Gladiator e Nasty N’Loaded, que
tiveram recentes lançamentos feitos pela Som de Peso.
Dall, Rivadavia, Seu Kowalsky e os Nômades de Pedra, Eletroacordes, Desgraceira HC e Moisés Velhinho são novos parceiros, selecionados a partir das inscrições para um projeto anterior da Som de Peso denominado "Musica para as Massas", que acabou cancelado por causa da pandemia do coronavírus.
A Coletânea
Antivirótica está disponível em https://li.sten.to/antivirotica - basta clicar
e escolher sua rede de streaming preferida. No link do BANDCAMP, é possível
inclusive fazer download dos arquivos MP3 e da arte gratuitamente. Além disso,
está tocando na WEB RADIO SOM DE PESO, em www.somdepeso.com. Também está
disponível em formato físico (CD) no link http://https://somdepeso.minestore.com.br/produtos/coletanea-antivirotica
ao preço de R$ 25, já com frete incluso para todo o Brasil.
A capa do disco foi feito pela artista Luana Rettamozo
(http://www.fb.com/aomundodalua).
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