Pular para o conteúdo principal

Entrevista - Royal Rage

 

-    O que significa a alcunha ROYAL RAGE? O mercado atual está favorável para a sonoridade da banda?

-    Numa tradução livre seria Raiva/Fúria Real (no sentido de realeza). Acredito que sim. O mercado está saturado de bandas de metal moderno, djent, deathcore e afins. Ultimamente quase todas as novas bandas seguem essa tendencia, e acredito que as bandas que vão na contramão acabam tendo uma vantagem, justamente por não seguir o fluxo. O thrash já teve sua era de ouro, e eu seria muito sonhador em dizer que ela está voltando, mas sempre teremos ouvidos querendo novidades nessa linha.

-    O seu som de é de difícil identificação. Como você se enxerga na cena: Qual termo seria menos limitante pra classificar o estilo de vocês?

-    Nós nos consideramos uma banda de thrash metal. Apesar de em algumas composições os riffs serem mais elaborados e até flertarmos com o metal moderno vez ou outra, o que mais se destaca em nossa musica é a velocidade e energia do thrash.

-    Evolve” é um álbum magnífico, mas demorei pra entender ele. Os fãs têm falado algo similar para você neste sentido?

-    Muito obrigado, fico extremamente feliz com suas palavras. Já ouvi comentários similares sim. Teve quem dissesse que preciso ouvir o álbum umas três vezes pra começar a gostar. Como a ideia era ter um álbum conceitual, algumas músicas foram necessárias para a atmosfera da obra, mas não casaram com o estilo musical. Acho que era um risco que cortamos quando decidimos fazer a obra.

-    Lampião” é maravilhosa, e pra mim um dos destaques no material. Qual sua real intenção com ela? Qual sua mensagem?

-    Obrigado. Num momento de extrema polarização, acho importante lembrarmos que o mundo não é maniqueísta. Lampião foi herói pra uns e carcereiro para outros. Ele foi a lei e o crime. Lembrar de uma figura tão forte, que fez discípulos até fora do Brasil, e lembrar que a vida não é preto no branco, faz-se extremamente necessário nos tempos em que vivemos. Além disso, claro, queríamos levar um pouco da rica história de nosso país para o mundo. Misturar o baião com metal foi um desafio, e sintetizar a história de uma figura tão icônica como Virgulino foi algo mais desafiador ainda!

-    Algumas passagens de música brasileira me chamaram a atenção. Você pesquisou sobre este nicho, para inserir no material?

-    Certas coisas vieram com naturalidade, outras foram intencionais. Nosso baterista, Tiago Rodrigues, é um grande estudioso da musica e tem um acervo vasto de ritmos brasileiros em seu repertório. Muitas vezes ele fazia uma levada que ficávamos boquiabertos e então ele falava “isso aqui eu tirei do forró/baião/fandango”… mas no caso da musica Lampião, a inserção do baião foi proposital e calculada.

-    Evolvesaiu tem algum tempo, então como vem sendo a aceitação dele na imprensa e junto ao público?

-    Muito boa. Tivemos um feedback muito positivo até o momento, e só tenho a agradecer a cada pessoa que ouviu e curtiu. Recentemente, tivemos a melhor experiência de nossas vidas que foi nossa primeira tour internacional. Ver pessoas de outras nacionalidades, que nunca tínhamos sequer visto na vida, vibrando durante nossos shows, usando nosso merchandising, pedindo fotos e elogiando nosso trabalho após o show, foi algo indescritível. Claro que a música é subjetiva, e nosso estilo não é o mais comercial de todos, mas receber esse carinho, essa energia, foi a maior prova de que estamos fazendo o trabalho certo.

-    Into the Abyss e Virtual Hellsão outros dois destaques no álbum, mas imagino que não seja senso comum dentro da sua fan base como um todo. Quais canções o público tem abraçado mais?

-    Real Dolls. Essa musica é o terror quando tocamos. Teve gente que chegou a nos comparar ao Slayer depois de ouvir essa musica, e eu tenho muito orgulho dela. Acho que ainda não tivemos uma musica que se destacou como hit, mas na duvida a gente toca todas e ta tudo certo.

-    Como se deu o processo de composição e produção deste álbum?

-    Esse álbum foi majoritariamente escrito durante a pandemia. Eu comecei a esboçar as letras após ter assistido a serie Black Mirror, e fiquei chocado com os rumos sombrios descritos em alguns dos episódios. Claro, não era nada de novo, e varias outras bandas já falaram sobre esse tema, mas não era nossa intenção reinventar a roda. Senti que o tema daria boas composições e me pus a escrever, deixando também o alerta sobre o uso desmedido da tecnologia e redes sociais.

-    No momento que redigimos essa pauta, fomos informados que a banda está em plena turnê na Europa. Como foi essa experiência? O que vocês podiam nos relatar sobre?

-    Eu ainda estou buscando as palavras certas para descrever o sentimento. Lembro que tocamos na França uma certa noite, e bem na minha frente havia um garoto, talvez uns 12 anos, usando um boné do Royal Rage. Aquilo me encheu de um sentimento que é difícil por em palavras. O que passou na minha cabeça foi “esse garoto, que eu nunca vi na vida, gostou tanto da nossa banda a ponto de convencer os pais dele a gastar dinheiro comprando um boné nosso!”. Eu realmente não sei traduzir o sentimento, é uma alegria, com euforia, com realização profissional, com realização de sonho. É muito incrível mesmo ter vivido isso e, principalmente, termos nos conectado com o publico da maneira como nos conectamos.

-    Algo ficou a ser dito? Obrigado pelo tempo ao Sub Discos Blog...

-    Agradeço muito pelo tempo e pelo espaço. Um prazer pra nós poder dividir um pouco da nossa caminhada com todos vocês. Nos vemos muito em breve, assim esperamos!

Comentários

As mais lidas

Entrevista - Atropelo

Entrevista: Fohatt

Entrevista: Persevera

Entrevista: Orthostat

Entrevista: Strigah

Entrevista - Etros

Entrevista - Vartroy

Entrevista: Ballburya

Entrevista: Pressure Gain

Entrevista: Rick Barros

Playlist Lançamentos 2021 / 2022