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Os 50 Melhores Discos Nacionais de 2020

Plural, inventiva e contestadora, a música brasileira segue firme e forte apesar de tanta pancada em um ano como 2020



Em 2020 nós fomos golpeados, testados e redirecionados a uma nova realidade.

Vimos os planejamentos indo embora, os contatos ficando distantes e as telas recebendo protagonismos que, mesmo sendo utilizadas diariamente pela população global, não gostaríamos que tivessem ganhado tanto quanto na famigerada era da pandemia.

Mas aí temos a arte. Temos a música. E temos a música brasileira. Inventiva, curiosa, festiva, introspectiva e revolucionária, a música de nosso país luta contra tudo e contra todos, pura e simplesmente pelas vontades individuais de compartilhar, de mudar, de trazer esperança, dividir medos e afirmações, de deixar sua marca no mundo para um tempo melhor.

Ao contrário do que muita gente pensa, 2020 foi um ano extremamente produtivo para a música nacional. Rap, Rock, Pop, Funk e mais fizeram bonito, e após um ano inteiro onde diariamente falamos sobre bandas e artistas daqui, chegou a hora agridoce de celebrar o que ouvimos de melhor ao mesmo tempo que deixamos tanta gente incrível de fora.

Obrigado, rappers, cantores, cantoras, guitarristas, baixistas, bateristas e tantos outros: sem vocês 2020 teria sido muito mais difícil.

50. Wry – Noites Infinitas

Wry - "Noites Infinitas"

Verdadeira instituição do indie brasileiro, o grupo paulista Wry retornou com um novo álbum onde vai além do pós-punk que apresenta há décadas.

Em Noites Infinitas as novidades estão na sonoridade e também nas letras, que aparecem em português.

 

49. Taco de Golfe – Nó Sem Ponto II

Taco de Golfe - Nó Sem Ponto II

Poucos são os grupos que, mesmo sem usar uma palavra sequer, conseguem dizer bastante coisa. É exatamente o caso da banda Taco de Golfe, que lançou este ano o disco instrumental Nó Sem Ponto II.

A incrível aventura proporcionada pelo álbum lançado lá no comecinho do ano une, através do experimentalismo, o universo intenso do Rock Progressivo e o universo melódico do Jazz. A atmosfera imersiva é cativante!

 

48. Vivendo do Ócio – Vivendo do Ócio

Capa de "Vivendo do Ócio" (Vivendo do Ócio)
Foto: Divulgação

O homônimo álbum dos baianos da Vivendo do Ócio é o primeiro disco da banda em 5 anos, mas a espera valeu a pena. A sonoridade apresentada mostra um grupo mais amadurecido e tem sua riqueza reforçada nas participações especiais de Fábio Trummer e de Luiz Galvão (Novos Baianos).

A narrativa aborda temas distintos como liberdade, perdão, tempo e amor, mas também não poupa críticas sociais à “família tradicional brasileira” e ao “tribunal da internet”.

 

47. Hiran – Galinheiro

Capa de "Galinheiro" (Hiran)
Arte: Rodrigo Araujo

Direto da Bahia, tivemos o lançamento de Galinheiro, segundo disco do rapper Hiran. Fruto de suas vivências pessoais, o álbum tece suas referências do Funk à MPB.

Enquanto isso, Hiran mostra sua versatilidade lírica ao falar sobre o amor sob as mais diversas perspectivas. Essa amplitude é reforçada pelo time de participações especiais que integram o disco: IllyAstralplane, Tom Veloso e mais.

 

46. Olívia de Amores – Não é Doce

Olívia de Amores - Não É Doce

A amazonense Olívia de Amores faz um som ao mesmo tempo delicado e sujo, com reflexões pessoais, sociais e urbanas que refletem as perdas e mudanças que guiam a vida adulta. Essa é a base para Não É Doce, disco com produção de Bruno Prestes e masterização do vencedor do Grammy, Steve Fallone (The Strokes, Tame Impala, Kacey Musgraves).

Como o nome e a capa do disco antecipam, o trabalho enfrenta o amargor da vida, como se fosse parte do que move as pessoas para o crescimento.

 

45. Priscila Tossan – Iceberg

Priscila Tossan - Iceberg

Tudo em Priscila Tossan exalta a “carioquice”, desde sua voz (e seu sotaque) até as várias referências musicais que transportam o nosso imagético para uma bela praia ou locais floridos.

Dos vagões do metrô para uma das maiores gravadoras do país, a cantora se consagrou de vez com o lançamento de seu disco de estreia Iceberg. O time envolvido também agregou muito ao resultado final, indo da produção de Kassin às colaborações com Criolo e Luccas Carlos.

 

44. Mateus Aleluia – Olorum

Mateus Aleluia - Olorum

Em meio a um ano tão conturbado, a música de Mateus Aleluia soa como uma oração.

Trazendo os Afrosambas e uma busca pela ancestralidade desde seu trabalho com Os Tincoâs, o artista faz um disco que já nasce clássico ao levar o ouvinte pela manhã pelo sagrado negro.

 

43. Exclusive Os Cabides – Roubaram Tudo

Exclusive Os Cabides - Roubaram Tudo

A banda catarinense Exclusive os Cabides fez de seu disco de estreia Roubaram Tudo um registro frenético e psicodélico sobre crescer, seja como pessoas ou como artista.

O surrealismo e o bom humor peculiar das letras estão já no nome do disco. O familiar de um dos integrantes teve sua loja roubada e aparece no recorte sintetizando o ocorrido: “roubaram tudo, ‘exclusive’ os cabides”.

 

42. Illy – Te Adorando Pelo Avesso

Capa de "Te Adorando Pelo Avesso" (Illy)
Foto: Divulgação

É inegável o talento de Illy quando o assunto é imprimir suas características musicais em composições de outros artistas. Após o ótimo Voo Longe (2018), ela dedicou seu segundo disco, Te Adorando Pelo Avesso, à obra de uma famosa intérprete da música brasileira: Elis Regina.

Nesse contexto, ela foi capaz de trazer um olhar novo e atualizado a alguns clássicos da nossa música como “Alô, Alô Marciano”, “Como Nossos Pais” e “Querelas do Brasil”. Sob uma estética moderna, as releituras englobaram elementos de Funk Melody, Rock, Ska, Samba-Reggae e mais.

Tudo isso com as participações de Baco Exu do Blues e de SILVA.

 

41. SILVA – Cinco

Silva - Cinco
Foto: Divulgação

Não é à toa que SILVA é considerado um dos maiores nomes da cena conhecida como “nova MPB”. Seu mais recente disco, Cinco, é um amadurecimento dessa abrangente e versátil sonoridade já vista anteriormente em seu trabalho anterior, Brasileiro (2018).

Com participações de Anitta, João Donato e Criolo, o álbum é basicamente uma celebração à antropofágica cultura musical do Brasil, abraçando elementos de Reggae, Ska, Soul e até Pagode.

Não é à toa que SILVA é considerado um dos maiores nomes da cena conhecida como “nova MPB”. Seu mais recente disco, Cinco, é um amadurecimento dessa abrangente e versátil sonoridade já vista anteriormente em seu trabalho anterior, Brasileiro (2018).

Com participações de Anitta, João Donato e Criolo, o álbum é basicamente uma celebração à antropofágica cultura musical do Brasil, abraçando elementos de Reggae, Ska, Soul e até Pagode.

 

40. Bullet Bane – Ponto

Bullet Bane - Ponto

Após transformações internas e reconexões externas a Bullet Bane chegou a uma nova fase com Ponto e o formato de meia hora que mais gostamos por aqui.

Post-Hardcore, Emo e, naturalmente, o famoso Rock Triste fazem parte das 9 canções altamente confessionais e intensas, as primeiras com o novo vocalista Arthur Mutanen Tai.

Reflexo do que seus integrantes vinham passando, Ponto conta com guitarras pesadas, linhas melódicas e até passagens acústicas no que foi definido pelo próprio grupo como o primeiro capítulo de uma nova fase.

 

39. Cícero – Cosmo

Cícero - Cosmo

Estávamos acostumados com Cícero lançando discos com um espaçamento de dois anos entre si (2011, 2013, 2015, 2017), mas tivemos que esperar um pouquinho mais para conhecer Cosmo, que só saiu neste ano. A espera, no entanto, valeu muito a pena.

Já conhecido por canções introspectivas (que, mesmo assim, descem como água para qualquer pessoa), o cantor agora se dedicou a explorar ainda mais seu universo artístico e tratou de traçar reflexões sobre os conceitos de espaço e tempo.

Tudo isso sem abrir mão de sua pegada, que mistura melancolia e sutileza enquanto encontra momentos para celebrações sobre aspectos da vida.

 

38. Oceania – Dark Matter

Oceania - Dark Matter

Oceania é um grupo brasileiro que não mede esforços para gravar grandes produções envolvendo o Rock and Roll.

O trio liderado por Gustavo Drummond, conhecido por bandas como Diesel Udora, usa e abusa dos grandes riffs para navegar entre o Rock Alternativo, o Stoner e até o Grunge em canções que soam extremamente radiofônicas.

Como foi lançado em Dezembro, talvez não tenha o mesmo impacto que poderia ganhar ao longo desse ano ou de 2021, mas é uma pedrada daquelas pra você prestar atenção.

 

37. Giovanna Moraes – Direto da Gringa

Giovanna Moraes - Direto da Gringa

A comparação é inevitável: a sonoridade de Giovanna Moraes lembra muito a carreira de Fiona Apple e a sua mistura de letras afiadas e pessoais com instrumentais frenéticos e vocais poderosos.

Direto da Gringa ainda bebe nas fontes de nomes como Elis Regina, Clarice Lispector e Tom Zé, apresentando aqui um álbum delicioso onde a artista expõe seus questionamentos e devaneios misturando experimentalismo com formatos mais voltados ao Pop.

Ao final das contas temos uma mistura interessantíssima do alternativo com o mainstream, e um disco surpreendente.

 

36. WC no Beat – GRIFF

WC no Beat - "Griff"

Poderia muito bem ser um line-up de festival, mas é um disco de WC no Beat, produtor que tem seu nome intimamente ligado ao Funk e ao Hip Hop e chamou para GRIFF artistas como Karol Conká, Luccas Carlos, Buchecha, POCAH, Xamã, MC Kevin o Chris, Ludmilla, Djonga, Anitta, Pk e mais.

Ao final das contas, o trabalho que poderia ter se tornado disperso tem uma linha central e entrega grandes canções em pouco mais de meia hora.

Vale lembrar que WC no Beat teria se apresentado com uma verdadeira festa no Lollapalooza Brasil 2020 se não fosse a pandemia.

 

35. ímã – ímã de nove pontas

ímã - ímã de nove pontas

ímã é uma “mini-orquestra” curitibana que tornou-se conhecida por sua música plural, inventiva e de qualidade.

Após se sentir pronta para dar o pontapé inicial em estúdio, gravou o excelente ímã de nove pontas e nos brindou com 9 canções autorais, tendo composições de Luciano Faccini (clarinete, violão, guitarra e voz) em parceria com artistas que complementaram a forma como ele enxerga o mundo.

Música brasileira, experimentalismo, MPB e mais: melhor do que falar sobre esse álbum é ouvi-lo.

 

34. fran – raiz

Capa de "Raiz" (Fran)
Foto: Divulgação

A ancestralidade foi um tema recorrente na música nacional em 2020 e também se mostrou o guia para a narrativa contada por fran em raiz. Apesar de ser um disco leve, ele faz uso de artifícios que tomam o cuidado de não abandonar a importância da percussão.

Transcendental, o álbum perpassa temas como religiosidade, afro-futurismo e romance, enquanto se expressa pelas estéticas de Soul, MPB, Axé, Xote, Samba-Reggae e o que mais encaixe na fluidez de seu escopo artístico.

O trabalho ainda é potencializado pelas contribuições de Russo Passapusso, Caetano Veloso, Mestrinho, Ruxell e Gilberto Gil (avô de Fran).

 

33. Caroline Alves – Moonlight

Caroline Alves - Moonlight

Caroline Alves é uma artista carioca que nasceu nas favelas do Rio de Janeiro e se mudou para a Suíça aos 11 anos de idade.

Trabalhando com música por lá, apresentou seu disco de estreia com Moonlight em 2020 e mostrou uma mistura interessante de música Pop e Alternativa.

“Moonlight”, a faixa título, é uma delicinha daquelas pra colocar na sua playlist favorita.

 

32. BIN – Para Todas as Mulheres Que Já Rimei

BIN - "Para todas as mulheres que já rimei"

Um dos grandes nomes da nova cena do Rap brasileiro, BIN estreou com tudo no ótimo Para Todas as Mulheres Que Já Rimei.

Embalado pelo sucesso do single “Marília Mendonça”, que une belas guitarras com o flow característico do artista, o trabalho expande essa sonoridade bastante única em canções como “Quase Uma Semana” e “Covardia”, transitando entre o romance e a desilusão com maestria.

 

31. Matuê – Máquina do Tempo

Matuê -Máquina do Tempo

Matuê é um dos maiores nomes do Rap brasileiro no momento.

Em números, é difícil encontrar alguém que o supere e os motivos ficam muito claros em Máquina do Tempo, álbum que tem 19 minutos, 7 faixas e elementos que usam e abusam do Trap, tão popular entre os jovens.

Criando cenários, contando histórias e falando abertamente sobre aquilo que pensa, o cearense Matheus Brasileiro Aguiar sabe como poucos aliar vocais e batidas de uma forma amplamente comercial e vem colhendo os frutos desse talento.

 

30. Lucas Bonza – Bonza

Lucas Bonza - BonzaLucas Oliveira é um músico de Belo Horizonte que trabalhou com a banda Vaga Luz e sentiu a necessidade de seguir em frente após seu término.

Para estrear a carreira como Lucas Bonza, seu apelido, ele convidou outros nomes da cena mineira e fez um álbum delicioso com Gui Hargreaves, Jay Horsth, Lucca Noacco e mais.

São 7 belíssimas canções em 29 minutos perfeitos para você relaxar e tomar aquela xícara de café.

 

29. Edi Rock – Origens Parte 2 – Ontem, Hoje e Amanhã

Edi Rock - Origens, Parte 2

Edi Rock é uma verdadeira instituição do Rap Nacional, fazendo parte dos lendários Racionais MC’s.

Em sua carreira solo, o rapper não tem fronteira e isso fica bem claro em Origens Parte 2 – Ontem, Hoje e Amanhãonde traz diversas participações especiais que vão de MV Bill Thiaguinho passando por Jorge Du Peixe para celebrar histórias pessoas, histórias de comunidade e, é claro, a história da música brasileira.

 

28. Julico – Ikê Maré

Julico - Ikê MaréJulico é o novo projeto de Júlio Andrade, líder do ótimo grupo de Blues/Rock brasileiro The Baggios.

Em Ikê Maré o músico resgata sonoridades tipicamente brasileiras e vai do Baião ao Blues através de composições onde celebra a vida, a música e as oportunidades que já teve de se reconstruir através da arte.

 

27. Sound Bullet – Home Ghosts

Capa de "Home Ghosts" (Sound Bullet)
Foto: Divulgação

Destaque aqui no site desde seu EP de estreia no começo da década, a banda carioca Sound Bullet dialoga as distâncias físicas e poéticas entre as pessoas em Home Ghosts, seu segundo disco e estreia deles pela Sony Music.

O existir dentro da sociedade, ao lado dos relacionamentos com o mundo e a busca por uma paz interna dão a tônica do álbum, um passo além em relação aos temas explorados no disco Terreno, de 2017, que olhava muito para o mundo externo.

 

26. Ousel – Ousel

Ousel - Ousel

Banda de Goiânia, a jovem Ousel começou 2020 com o pé direito nos presenteando com seu disco homônimo no início do ano.

Post-Rock, Dream Pop, Shoegaze e belos vocais se encontram em canções que nos levam diretamente aos tempos áureos de estilos que nos brindaram com tantos momentos incríveis nos Anos 90.

 

25. Sarah Abdala – Pueblo

Sarah Abdala - Pueblo

Se em seu debut, Futuro Imaginário (2014), Sarah Abdala era existencialista e no disco Oeste (2017) refletia suas raízes goianas, agora ela olha ao redor para perceber como essa jornada a afeta em Pueblo.

Unindo o minimalismo da voz, guitarras, viola e violão e se cercando com camadas de sintetizadores, o álbum dialoga com questões migratórias, identitárias e de busca de raízes e canta a unidade latino-americana como um mergulho denso em forma de uma MPB mântrica e experimental.

 

24. Gustavo Bertoni – The Fine Line Between Loneliness and Solitude

Gustavo Bertoni - The Fine Line Between Loneliness And Solitude

É no mínimo interessante pensar que The Fine Line Between Loneliness and Solitude, o mais novo disco de Gustavo Bertoni, foi escrito antes do início da pandemia da COVID-19.

A ideia do isolamento social de fato trouxe à tona questões relacionadas ao proveito de sua própria companhia, mas intriga pensar que esse tema nunca tinha sido bem explorado na nossa música até então.

Ao invés de simplesmente apontar as diferenças e similaridades entre os dois conceitos que ganham destaque no título do disco — a solidão e a solitude —, Gustavo opta por ilustrar isso em nove faixas, em uma tentativa de oferecer ao ouvinte os benefícios da solitude.

Na forma de um folk experimental, o disco é complementado pelas participações de YMA e do artista norueguês Kjetil Mulelid. É imersivo e provocante ao mesmo tempo.

 

23. Caetano Veloso e Ivan Sacerdote – Caetano Veloso e Ivan Sacerdote

Caetano Veloso e Ivan Sacerdote

Nos últimos anos, Caetano parece estar tentando explorar novas fronteiras em sua música. Seja com a trilogia com a banda , com o incrível Ofertório ao lado de seus filhos e agora em um de seus registros mais intimistas ao lado do clarinetista Ivan Sacerdote.

Explorando em sua maioria faixas nem tão conhecidas do gigantesco repertório do compositor baiano, o disco mostra que Caetano continua imparável em sua eterna revolução.

 

22. Cazasuja – Dia de Preto

Cazasuja - Dia de Preto

O Rap e o Trap não são o limite para Cazasuja, artista potiguar de apenas 24 anos que explora até onde consegue ir essa sonoridade ao absorver e processar de seu jeito único as influências que compõem o incrível Dia de Preto.

Enquanto canções como “Desce o Beco” colocam qualquer um pra dançar em meio às mensagens de reflexão, o grande destaque do álbum é não ter filtros à expressão do rapper. Em “Babilônia, 2020”, por exemplo, o flow suave e ritmado dá lugar ocasional aos gritos quase guturais de uma voz que simplesmente não tem mais como ficar presa.

 

21. Bivolt – Bivolt

Bivolt - Bivolt

Reconhecida na cena desde que confrontava o machismo em batalhas de rap, a ótima Bivolt finalmente lançou seu disco de estreia. Homônimo, o trabalho vai do Trap ao R&B e representa para a própria rapper uma jornada de autoafirmação.

Batalhando em prol da dualidade das coisas, o disco é dividido entre a Bivolt 110v e a 220v (“voltagens” essas que nomeiam o início e o fim do disco). A ideia é justamente não rotular a artista, que se expressa através de diferentes ritmos, temas e estéticas.

Com tantos lados, ela é calma e agitada, sonhadora e lúcida, romântica e crítica… Tudo isso ao mesmo tempo!

 

20. Letrux – Aos Prantos

Letrux - Aos Prantos

Após curtir sua Noite de Climão, a ícone underground Letrux está oficialmente Aos Prantos (assim como todos nós em 2020).

Da explosão do disco de estreia, a cantora virou-se para uma reflexão interna e passou a explorar temas mais densos como morte, sexo, paixão, e o disco acaba criando um equilíbrio para seu repertório.

Para isso, ela fez uso de uma nova identidade visual e mergulhou em estéticas ainda mais experimentais. Tudo contando, é claro, com as assertivas contribuições de Lovefoxxx, Liniker e mais.

 

19. Mahmundi – Mundo Novo

Mahmundi - Mundo Novo

O trabalho de Mahmundi sempre foi um trabalho de um ourives criando uma joia.

Uma das melhores compositoras do pop nacional, Marcela Vale ecoa e moderniza Rita Lee, Adriana Calcanhotto e Marina Lima em Mundo Novo, um álbum deliciosamente radiofônico.

 

18. Sepultura – Quadra

Sepultura - Quadra

Já se passaram quase 25 anos desde que Max Cavalera deixou o Sepultura e até pouco tempo atrás muitas pessoas ainda insistiam em comparar as novas obras dos caras ao período de clássicos como Roots.

De certa forma é até normal para uma banda que causou tanto impacto com sua inventividade no mundo do Heavy Metal, mas em seu décimo quinto álbum o grupo brasileiro mostrou que, definitivamente, a era das comparações disse adeus.

Quadra é uma obra incrível com todas as características que formam o Sepultura nos dias de hoje e moldam sua sonoridade, os temas abordados em suas letras e mais.

Músicas de protesto, arranjos espetaculares e a participação de Emmily Barreto (Far From Alaska) fazem desse um dos melhores discos do ano para quem curte o Rock e Heavy Metal.

 

17. saudade – jardim entre os ouvidos

saudade - jardim entre os ouvidos

saudade é o nome do projeto de Saulo von Seehausen, músico conhecido principalmente pelo seu trabalho com a banda Hover.

Aqui, ele usa sua voz incrível como complemento para ambientações que poderiam muito bem servir como trilhas cinematográficas grandiosas e encantadoras.

Colocando seu coração na ponta da caneta e, claramente, ao microfone, saudade canta, encanta e nos dá esperança para dias melhores.

 

16. Rashid – Tão Real

Rashid - Tão Real

No início de Tão RealRashid deixa claro que o disco não tem um conceito. Tem conceito de rua. O álbum é uma soma de singles que funcionam como uma série de histórias sobre a vida urbana brasileira.

Cheio de participações que vão de Duda Beat e Drik Barbosa até Tuyo e Emicida, o disco consolida Rashid como uma das canetas mais fortes no Rap nacional.

 

15. Pabllo Vittar – 111

Pabllo Vittar - 111

Não é segredo que Pabllo Vittar é uma das principais figuras na reformulação que o Pop brasileiro vem sofrendo ao longo dos últimos anos. Em 2020, a drag queen lançou seu terceiro disco de estúdio e, com ele, a afirmação de que estamos diante de uma potência Pop cada vez mais concretizada.

Além de “revolucionar” as cantorias de “Parabéns” em festas de aniversário, 111 mergulha em referências que remetem às raízes nordestinas de Vittar. Mas o disco está longe de ser introspectivo, evocando danças e emanando diversão.

Nas parcerias, a cantora explorou bem o seu escopo musical, recrutando nomes que vão desde Ivete Sangalo a Charli XCX. E isso sem contar com a versão deluxe, que adiciona POCAH, Getúlio Abelha, Jaloo e mais a esse caldeirão.

 

14. Tagua Tagua – Inteiro Metade

Capa de "Inteiro Metade" (Tagua Tagua)

Sentimentos têm sons, e parece que o músico Felipe Puperi fez esse registro de forma bem esclarecida no álbum de estreia de seu projeto Tagua Tagua.

A partir do esforço em encontrar essa sonoridade própria, Inteiro Metade mistura timbres orgânicos e eletrônicos para “ilustrar” uma narrativa que vai da inquietude até a aceitação, passando pela saudade, pela tristeza e mais.

O disco encontra prazer no novo. Além de sentimentos, mistura cores e temáticas diferentes, mostrando-se imprevisível e reconfortante ao mesmo tempo. A riqueza de detalhes pode até assustar em um primeiro momento, mas não tardamos a entendê-lo como um trabalho gentil e absolutamente criativo.

 

13. Negro Leo – Desejo de Lacrar

Negro Leo
foto: divulgação

Negro Leo é, inegavelmente, um dos artistas mais inventivos do país e em seu nono álbum, Desejo de Lacrar, transforma as tensões sociais refletidas em Action Lekking (2017) em um criativo olhar sobre o panorama político do Brasil contemporâneo e suas arenas de batalha no ambiente digital.

Instrumentalmente, o músico apresenta um som experimental que remete à sonoridade inovadora da Tropicália e evoca uma mistura de nostalgia e interesse no ouvinte, que se vê preso do começo ao fim durante os quase 30 minutos do álbum.

 

12. Machete Bomb – MXT

Machete Bomb - MXT

E se o Samba encontrasse o Hip Hop, o Metal Alternativo e mais o que der na telha? Bom, essa é a proposta do grupo curitibano Machete Bomb, que ficou ainda mais clara com o lançamento do ambicioso projeto MXT.

O disco vem lotado de participações especiais com nomes que vão de BNegão a Tuyo, passando por Fred 04, Mateo Piracés-Ugarte e Mulamba. A audição do álbum ainda é complementada por vinhetas com áudios de todos os participantes, dando uma dimensão da magnitude da produção de MXT.

O já consagrado “cavaco profano” da banda veio com força desta vez!

 

11. Acorda Amor – Acorda Amor

Acorda, Amor

Adicione a um caldeirão as potentes musicalidades de Maria Gadú, Xênia França, Letrux, Luedji Luna e Liniker. Tempere com algumas canções simbólicas de artistas emblemáticos. Misture tudo e, como a cereja do bolo, adicione uma inédita de Edgar.

Isso é o projeto Acorda Amor, que lançou em 2020 um ótimo disco homônimo. Nele, Erasmo Carlos, Rita Lee, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Belchior, Gonzaguinha, Francisco el Hombre e mais são homenageados com ótimas releituras.

É um disco de resistência, que busca despertar seus ouvintes em prol da proatividade, da afirmação existencial e da luta diária.

 

10. Sebastianismos – Sebastianismos

Sebastianismos vai do reggaeton ao punk rock novo disco; ouça
Foto: Divulgação

Conhecido por seu trabalho no grupo Francisco, el HombreSebastian Piracés-Ugarte usou o ano de 2020 para se dedicar à sua nova persona artística que atende pelo nome Sebastianismos. E vimos essa história se consolidar com seu homônimo disco de estreia.

Majoritariamente, é um disco de escapismo para o ano que está se encerrando. É leve, dançante, conta com letras chicletes e tudo o que há de melhor no Pop latino misturado a sonoridades brasileiras como o Skank em início de carreira.

As faixas finais ainda nos revelam umas “porradas” críticas (sem perder o tom da dança) e percebe-se a liberdade com a qual Sebastian produziu o projeto e fez dele uma ode à manifestação.

É um disco encorajador, que conquista por sua delicadeza e que valoriza cada detalhe de sua essência.

 

9. Pelé do Manifesto – Gueto Flow, Preto Show

Pelé do Manifesto - Gueto Flow, Preto Show

Pelé do Manifesto é um rapper do Pará que tem talento de sobra para se tornar um dos principais nomes do país.

Inspirado em nomes como Tupac, Edi Rock, Rincon Sapiência e principalmente pelo projeto “Boogie Naipe” de Mano Brown, o músico resolveu misturar suas rimas fortes com a Black Music e chamou um time de primeira para gravar o álbum que tem 10 faixas e 35 minutos de duração.

Além de evidenciar todo talento de Pelé do Manifesto, Gueto Flow, Preto Show ainda conta com participações especiais como as de Luê, que abrilhanta várias das faixas.

Coisa fina!

 

8. Djonga – Histórias da Minha Área

Djonga - Histórias da Minha Área

E cá estamos novamente com Djonga em uma posição de destaque na nossa lista.

Novamente no dia 13 de Março, o artista lançou seu novo disco, Histórias da Minha Área, e chegou, podemos dizer, a um “Oto Patamá”.

De fato, pode ser considerado o disco mais pessoal de Djonga, já que ele dedicou o espaço para musicalizar histórias vividas por ele e por alguns colegas. No entanto, muitos conseguem entender com clareza as situações contadas, o que faz com que o álbum ganhe um importante fator de identificação com seus ouvintes.

Não é sobre criar universos e considerar utopias. É, sim, para denunciar a dura realidade e abrir espaço para diálogo.

 

7. Kiko Dinucci – Rastilho

Kiko Dinucci - Rastilho

Um dos artistas mais prolíficos do país, Kiko Dinucci tem explorado muito bem a relação dos instrumentos de corda na música brasileira em seu trabalho solo.

Após o brilhante Cortes Curtos (2017), ele entrega em Rastilho um trabalho atmosférico para ser ouvido com calma no fone que ecoa Dorival Caymmi e Baden Powell com um olhar moderno.

 

6. Marcelo D2 – Assim Tocam os MEUS TAMBORES

Desde o final dos Anos 90 somos agraciados pelos discos solo de Marcelo D2. Inquieto, o músico sempre deixou clara a sua busca por aprimoramento. Para ele, não existem limitações quando o assunto é música.

Neste ano, ele se empenhou em um de seus mais ambiciosos projetos, o disco Assim Tocam os MEUS TAMBORES. Gravado e produzido de uma forma bastante original, durante suas lives na Twitch, todo o contexto permitiu ainda mais experimentações em sua sonoridade.

Nunca antes Marcelo se aventurou tanto em termos de participações especiais. O disco conta com Juçara Marçal, Criolo, Djonga, Jorge Du Peixe, Don L e muito mais. O material, descrito por D2 como “transmídia”, ganha ainda mais força e impacto através do curta homônimo dirigido pelo próprio.

 

5. Yamasasi – Colorblind

Yamasasi - Colorblind

Colorblind foi lançado em Janeiro e é uma pena que o projeto Yamasasi não tenha contado com a possibilidade de levá-lo para os shows e festivais de música independente pelo Brasil.

Aqui a banda mistura, como poucas, a inventividade das bandas mais novas de Rock and Roll com timbres e traços dos Anos 90 e 2000, e, desculpem o papo batido, mas se fosse norte-americana já teria caído nas graças do público indie no mundo todo.

Falando sobre assuntos pessoais e te deixando com vontade de pegar um skate e sair por aí, o Yamasasi vai do Punk ao Indie passando pela Psicodelia e pelo Rock Progressivo no melhor formato para a geração Spotify: 10 faixas em 27 minutos.

Diversão, introspecção e verdadeiras viagens sobre distâncias, frustrações e isolamento parecem confrontar a trilha sonora de um programa de TV de décadas atrás e as influências de nomes como Wavves, Best Coast FIDLAR ficam evidentes, mas sem tirar o mérito da originalidade dos brasileiros.

 

4. Hot e Oreia – Crianças Selvagens

Hot e Oreia - Crianças Selvagens

Inquestionavelmente um dos maiores achados do Rap nacional, a dupla Hot e Oreia tem um jeito característico de expressar seus versos, usando uma linguagem leve e bem humorada para falar dos mais diversos assuntos.

Crianças Selvagens é o segundo disco de estúdio do duo e se mostra capaz de nos expor a temas como política, machismo e sexo oral dentro de uma única narrativa de 10 músicas. Não existe uma preocupação conceitual, o que é ótimo e atribui ainda mais versatilidade ao material.

O que faz esse álbum ser tão bom é a sua desconstrução. Em meio a tantos temas (eles têm muito a falar), Crianças Selvagens encontra espaço para falar de temáticas religiosas (“Oxossi”), liberdades criativas (“Ela com P”, que basicamente conta uma história centralizada em palavras que começam com a letra P) e samples vocais de outras canções (“Domingo” e “Presença”, que homenageiam, respectivamente, Nelson Ned e Caetano Veloso).

 

3. Rapadura – Universo do Canto Falado

Rapadura - Universo do Canto Falado

Rapadura é singular no assunto inventividade.

Ao misturar seus versos afiados com uma paleta formada por elementos de Baião, Reggae, Maracatu, Rock Psicodélico e mais, ele cria um mundo característico que fica claro no ótimo Universo do Canto Falado.

As temáticas também são variadas, indo de questões migratórias a educacionais, obviamente não poupando críticas às autoridades políticas. Ao samplear o clássico “Súplica Cearense” na canção “Meu Ceará”, por exemplo, o rapper contrasta a ideia da seca com uma chuva de palavras e reflexões poderosas.

A riqueza de temas e estéticas representa planetas e astros desse tal “universo” citado logo na faixa de abertura. Apertem os cintos para essa viagem profunda à infinitude do Nordeste!

 

2. BK – Líder em Movimento

BK' - "O Líder em Movimento"

BK é um dos rappers mais talentosos e importantes do Brasil nos últimos anos.

Sua trajetória com discos gravados é curta mas impressiona desde a estreia com Castelos e Ruínas (2016) e o aclamado Gigantes (2018), onde contou com nomes incríveis ao seu lado.

Para o terceiro álbum, BK queria ser o protagonista. Queria botar o dedo na ferida e lançar um disco de Rap daqueles que impulsionam movimentos e ficam marcados para sempre: conseguiu.

Em ano de pandemia e de holofotes em movimentos como o Black Lives Matter, Abebe Bikila mostrou que sabe muito bem matar a bola no peito e fazer um golaço. Suas canções falam sobre racismo, violência policial, dinheiro, desigualdades sociais e muito mais, tudo com primor.

Além disso, o lançamento do álbum causou comoção em seus seguidores que, aos montes, disseram que precisavam daquelas palavras há muito tempo. Um verdadeiro líder.

 

1. Luedji Luna – Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água

Luedji Luna - "Bom Mesmo É Estar Debaixo D'Água"

2020 foi um ano muito difícil e, para abstrair de tudo isso, fez-se necessário um mergulho para limpar a alma e espairecer um pouco. Eis que Luedji Luna surge com seu novo disco, Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água. Trata-se de um trabalho que alivia, refresca e vicia, tal como as liberdades individuais que tanto buscamos.

O álbum desenvolve-se de forma fluida e inesperada, mas sempre com conexões entre as faixas que prendem o ouvinte e tornam a audição do álbum uma experiência única. Mais amadurecida do que em sua estreia Um Corpo No Mundo (2017), a nova jornada se desenha sobre elementos de MPB, Jazz, Blues e R&B.

Enquanto isso, a narrativa da mulher preta em busca da justiça social marca presença dentre os temas do disco que permeiam a afetividade, a maternidade e a independência.

Complementando a beleza do disco ganhamos ainda um belo curta-metragem e só temos uma coisa a dizer: obrigado, Luedji!

Playlist com os 50 Melhores Discos Nacionais de 2020








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